Preso a uma loucura que parecia não ter fim
produzia asmas azuis e espinhava minha pele.
Minha alma atordoada
não enxergava a arquitetura etérea dos andaimes do ódio,
não via a realidade dos olhos verdes,
não sabia de certeza sabida do amor-paixão-desejo,
não admitia o fim dos cristais,
a explosão do tempo, a certeza dos iguais.
Preso a um ódio
que me vergou toda uma vida
afogava o homem em dor de árvore abatida a machado.
Um ódio arqueado,
arquitetura de dores cruéis num coração paralítico,
nas mãos crispadas em aço negro,
na fúria contida em orgasmos loucos,
no lago verde e no pântano verde sob a lua verde.
Um ódio mineral,
pedra turquesa, diamante bruto, rastro de sangue
incrustado no cérebro.
É pelo lodo que andava.
Como verme lambuzado de ouro
ignorava o calor da lua,
a beleza das ancas em movimento,
as lágrimas, os beijos carregados.
Andava sem sentido e sem erro
pela estrada em chamas
onde cavalos de ferro davam pataços no asfalto.
Ali nada cresceria por mil anos.
Da terra arrasada sobrariam cinzas,
galhos retorcidos
em negro.
O que é possível será feito
e todos verão o pássaro da luz
no mar dos pardais.
Teus olhos me olham tristes.
Tua boca pergunta por quê?
Eu não sei dizer....
É muito cedo para morrer...
Sei que o amor se faz urgente:
trazido em potes de barro azul,
inundou o vácuo do meu coração.
Hoje sei
que o amor sustenta as colunas do mundo
e nenhum medo alimentaria as manhãs que somos.
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