Fiquei com Theodora ao
meu lado noites seguidas em Budapeste
Nossa atração foi
fulminante
Theodora azul celeste
Em contraste com um
vermelho escuro a lhe vestir
Vermelho quase sangue
coagulado
provido de força e intensidade
Tudo, com Theodora,
aconteceu de repente
Theodora, com todas as
suas contradições, foi pra mim uma dádiva imperial, divina
Primeiro nos vimos no
Prima Market, a uma quadra da Basílica
Mário me ajudou a
levá-la até o quinto andar do edifício na Zichy Utca
Para um apartamento
destes que ficam no teto dos prédios
Feitos para serem
moradia de serviçais que não existem mais faz tempo
E hoje são alugados
pelo airbnb para turistas pobres como eu
Para subir, tinha um
elevador que parecia saído de um filme soviético
Mas Theodora não disse
nada, não reclamou, não mostrou surpresa
Não deu mostras de
estranhamento por estar num ambiente tão plebeu
A esta altura, aos meus
olhos, Theodora parecia perfeita
Nobre e simples,
transparente e forte
Depois da primeira
impressão, minha Kékkúti mostrou-se um pouco amarga
Carregada de sais, um
pouco aerada e com porte de imperatriz bizantina
Bebi Theodora aos
poucos, noite após noite,
Nas madrugadas frias e
brancas de neve
Em minha boca sedenta,
Theodora aparecia doce e delicada
Irrigava meus sonhos
mais intensos e me enchia de vida
Theodora foi pra mim um presente dos deuses
E fez cada uma daquelas
noites de neve e frio
uma lembrança
inesquecível de Budapeste.
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