sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Existência

Um dia
sobre o outro.

Sacos cheios de vazio
empilhados feito corpos
num necrotério nazi-fascista.

Dias de glória
efêmera,
dias
de 24 horas
contadas,
dias de merda azul.

Algo sobre o Pacífico,
algo sobre o Atlântico,
um cravo vermelho.

Morte
e indagações.

Às 24 horas
seremos o quê?

Sofrimento em cores na tv?
Restos de mar na praia?
Anéis de Saturno em espelhos?
Vacilações?

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Primavera

Esta
decisivamente esta
é uma primavera demente

Flores mais vivas
despedidas certeiras
noites quase tristes

A névoa
sobre a cidade
cimento
        e lágrimas
sobre o chão

Num quarto qualquer
 sobre o ferro verde
arde
um começo de saudade
um sorriso
uma paixão

Arquitetos do futuro
precisamos sempre partir
o coração do presente

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Estátuas

Tropeçando a loucura de cada dia
formas que vão para o nada

Espaços imensos
cimento, máquinas, corpos
por todos os lados

Pombos sobrevivem nas marquises
manadas bucólicas decadentes
cinza metálico sobre o cinza
cinzento

A noite abre suas pernas
cheirando a álcool e coito
interrompido

Nada detém o tempo
a dor
a chuva minúscula
escorrendo pelo neon
intermitente

As estátuas aqui são mais compreensivas e gentis

Cegas

Surdas

Imóveis sob o firmamento
assistem o assassínio
o suicídio
a miséria humana

São Paulo:
a esperança
em ti
não é possível

sábado, 7 de janeiro de 2012

Nosso Tempo

O meu, o teu, o nosso.
O que fazer dos destroços do tempo?
das mãos que constroem o mundo
sem saber pra onde, sem saber
pra quê? o que fazer do medo
escondido embaixo da cama?
do ódio? da angústia? da raiva?

O que fazer da raiva?

São coisas que cabem num verso.

A trepada, o tempo, a dúvida
não cabe num verso.
A xícara transformada em urna mortuária
das últimas horas grávidas de silêncio
não cabe num verso.

As mulheres,
são tão loucas as mulheres.
Sempre diferentes,
como meu mundo não é igual ao teu,
como tempo é diverso entre os homens.

É inútil.

No lado debaixo do mundo
o tempo respira nos becos como um animal.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Ausência

É grande
a tua ausência
em mim

Sorriso
Ancas
Olhos verdes

Palavras
Abraços
Suor vermelho

É violentamente
doce
a tua ausência
em mim

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Pássaros Azuis

Hoje
me fogem pássaros azuis do pulmão
e um vento de sombras
sufoca os gestos do amor

Sobram ilhas de tristeza
e saudade
sobram versos inúteis
e uma lágrima

Minhas mãos
afogadas em bolsos escuros
não sentirão
o calor do teu corpo
a geografia sinuosa das tuas ancas

Onde estarás agora?
Com quem? Que palavras
saem da tua boca? Para onde
se dirige o fogo de paixão do teu olhar?
Vamos perder para sempre também
este dia?

Hoje
de tristeza absoluta
vou guardar o coração
na última gaveta

Hoje
me fogem pássaros azuis
do pulmão